quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A Renúncia

Eu só peço a Deus

Um pouco de malandragem

Eu sou poeta

E não aprendi a amar

Cassia Eller em Malandragem

Se me amares…

Não sei quanto dura uma relação, mas sei quanto tempo terei de ganhar te fazendo carícias enquanto te falo das histórias que não foram contadas.

Ligo TV e me agride a repetida imagem de campanha eleitoral com destaque para a violência. Eles sabem meu amor que se agridem. Este é o momento para descerem a terra e se comportarem como simples mortais.

Este é o momento de abraçarem aquela velha senhora desdentada surpreendida por uma brigada porta-a-porta quando voltava da machamba e se atiraram para os seus abraços esquecendo-se do banho que ela não toma há anos.

Dizem que são do povo.

Mas nós sabemos que não são meu amor. Nós sabemos que são blindados pelo seu poder. Nós sabemos que depois se irão embora e a mais curta distância que haverá entre nós será pela TV.

Mas, sabes, é política isso meu amor.

Se me amares… renuncio a sexta-feira. Sei que vou perder as belas companhias no bar da Celeste onde as horas nos traem correndo para amanhecer. É lá onde exibimos a nossa masculinidade e chamamos ladrão a qualquer um sem termos de provar.

É bom estar lá.

Mas se me amares não te deixarei sozinha em casa. Te farei companhia a cada instante arriscando a minha reputação na acusação de me teres engarrafado.

Enquanto não me dizes sim…

Vou me perdendo nesta TV, vendo todos os telejornais formados de campanha eleitoral. Violento o remoto como se fosse culpado pela programação “vocês não estão cansados de serem ex…” clic “eles é que des…”clic. “Fomos ro…” clic.

Já sei o que vão dizer.

Pode se ouvir da minha janela os gritos e buzinas de uma falsa satisfação. Vota… Vota… “a tua vida vai mudar”… “somos alternativa inclusiva”.

Fico neste meu canto a espera de um sinal teu.

PC Mapengo

Acompanhe o debate que corre aqui

Sem comentários: