quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Manifesto Político



















No meu país já não há xiconhoca.

O capitalismo mostrou-se mais forte, recolonizou-nos pela globalização e não seguimos os princípios de igualdade simbolizados por um quilo de arroz por pessoa.

Aqui vivemos nesta liberdade simplesmente reservada aos mais fortes, estamos na selva, aliás, na economia do mercado.

Esqueceram-se dos princípios utópicos que nos fizeram rasgar as mangas da balalaica por um Moçambique melhor, por um país soberano!

Mas o que é soberania? É quando o mais forte domina e os fracos obedecem murmurando como um bêbado que se sente politicamente corajoso na barraca.

Viva a liberdade!

Levamos anos a combater a burguesia. Mas sabíamos que não podíamos vencer e o nosso hino que proclamava essa luta contra a burguesia, já não fazia sentido, era uma vergonha nacional. Todos nós queríamos ser burgueses e como combater o que queremos ser? O melhor era combater esse hino para não proclamarmos (até no parlamento) o nosso próprio fim!

Abaixo a burguesia!

Escutamos com saudade a voz forte num velho aparelho gravador. Saudades sim, mas ninguém quer voltar porque não podemos esquecer o tempo que passou. Mas vamos nos deleitar ouvindo. Alguém vai reclamar sobre a criminalidade e nós apenas podemos comentar com saudade desse passado que desenhámos todas as utopias de um país: naquele tempo isto não era possível.

Não era possível sim, eram bons tempos aqueles para os quais ninguém quer mais voltar. Todos queremos andar, queremos uma parcela para montarmos a nossa banca, violar as leis e contar com o apoio incondicional (se tiveres uma notinha) da justiça.

Independência ou morte, venceremos!

Essa é outra utopia, a nossa independência é muito cara, nem morte nem vitória conseguimos, ou não queremos mais essa luta, queremos pão, mas dizem que o combustível está caro e as coisas também devem subir, o dólar também não nos perdoa, nós dependemos do rand da vizinha Jhone. Mesmo com esta dependência económica somos realmente independentes.

A luta continua!

Isso não. Lutaremos pelo pão, lutaremos por dinheiro para transporte, lutaremos por levar nossos filhos à escola, mas não queremos mais lutar por ideologias, não nos metam nessa história de democracia!

Alguém me pergunta o que é democracia?

É a oportunidade que o povo tem de, em cinco em cinco anos, escolher a quem alimentar!  


PC Mapengo
https://bit.ly/2qg0e9J

domingo, 28 de outubro de 2018

Brincando de ser feio

Para Lay pela forma como
 reinventa meus sonhos

- Vamos brincar de fazer cara feia?
- Eu não preciso filha, faças tu, eu já sou assim.
- Não é nada, se fosse mãe não teria casado contigo.
- Filha, lá vais entender gostos das mulheres. Explica-me como alguém pode casar com um magricelas como teu tio Júlio Mutisse; como alguém pode suportar teu tio Kalitxe Jaime Langa que em condições normais devia ter acompanhamento psiquiátrico permanente da tua tia Lili Fernandes? Já viste que tios Eder MatusseEgidio Vaz e Bruné Machangana pensam que ser confuso é ser moderno? Já olhaste para os atropelados tio Azael Moyana e Anselmo Titos Cachuada? Achas que tio Dadivo Jose Litsecuane Combanetomou remédio de lua? Quando cresceres podemos ter essa conversa sobre gostos das mulheres.
Depois caímos na gargalhada. Sempre terminamos assim, porque tu me dás motivos para gargalhar, mesmo quando activo meu pessimismo e, atónito, acredito que não haverá mais amanhã. Mesmo quando as incertezas me perseguem e desespero me impera. Tu me fazes gargalhar.
Tu me reinventas como se fosses a proprietária do sol e o obrigas a iluminar-me. Tu me renasces como se tivesses o dom de aliviar o peso do universo. Me enganas como performance de um mágico. Só não consegues mudar minha cara para brincarmos de ser feios. Mas sei que contigo vou continuar a gargalhar e celebrar-te em todos os 26 de Outubro.
Hoje estás a crescer, não sei o que te direi quando me perguntares sobre gostos das mulheres, mas sei que tu continuarás a brincar de fazer cara feia, porque serás eternamente linda e eu continuarei com esta minha cara.
Feliz aniversário minha menina!

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