segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Vou ali morrer um pouquinho



“A morte é única arte

para qual todos temos talento” 


Me espera, vou ali morrer um pouquinho! 


Estou cansado. 


A minha mente já não me obedece. Estou psicologicamente lento. Me arrasto numa triste imaginação como quem persegue o passado.


Não posso mais continuar assim!


Preciso mesmo morrer um pouquinho. Apenas um pedacinho de morte, suave e doce que nos alivia como que a  descarregar a dor que nos segue feito sombra em pleno sol de verão.  


Vou marchar pela vida como se fosse a última vez até encontrar o sossego nos pântanos. Aí, me deito, embebedo-me de tanto vinho delicioso pois sei que é o único que me oferece paz. 


Oiço ao fundo  Akua Naru ritmando, “Poetry: how does it feel?” sei que é a última melodia.


Quero ir.  


Adoro poesia como ela é, tão nua, tão sexy e tão previsível. 


Aí, percebi que não há mais motivos para resistir, não há mais amor para amar. Não há mais vitórias por vencer. Nem fogo, nem mar nem as belas mulheres mergulhando nas mais sensuais praias. 


Nem nada!


Estou cansado. 


Não quero mais falar.


Apenas me embebedar. Só vinho. Só álcool. Só poesia. 


Quero morrer um pouquinho para poder renascer, ressurgir da escuridão, renovado e sem esta dor que me dói, mas preparado para outros sofrimentos apenas reservado aos humanos. 


Mas por enquanto me esperem aqui, vou ali morrer um pouquinho. Depois ressuscito, apaixonado e sonhador!


#CartasAmodAntiga

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